No lado oposto da BR-392, considerando a posição do bairro Tomazetti, o Lorenzi tem uma realidade oposta ao vizinho em relação à infraestrutura. O asfalto não ultrapassou a rua principal. Falta calçamento na maioria das ruas e ruelas, que são esburacadas e de chão batido. A iluminação pública é precária e, para muitas famílias que moram em áreas irregulares (sem escrituras), a vida segue sem ligação regular de água e de energia elétrica. Muitos terrenos baldios são usados como depósitos de lixo. Em um ambiente onde falta um pouco de tudo, o principal desejo é o básico: saneamento.
Engana-se quem conclui que a falta de rede de esgoto é privilégio das áreas ocupadas ou irregulares. No Lorenzi, o destino dos dejetos, direta ou indiretamente, é democrático para quem tem ou não escritura: o esgoto cloacal escoa para a vala da rua ou para o curso d¿água mais próximo. Uma realidade que une as oito vilas do bairro. Segundo o Plano Municipal de Saneamento Ambiental, 49,3% do município é coberto por rede de esgoto. A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) contesta o dado e afirma que o índice é de 55%.
Os moradores do bairro Tomazetti querem segurança
– O saneamento é a base. A maior parte dos moradores tem esgoto para a rua. A falta de saneamento desencadeia vários outros problemas. Leva a doenças que geram gastos em saúde para os pais e outros problemas atrelados. Por exemplo, a criança doente não vai à escola e cai o rendimento escolar – explica a técnica em enfermagem Ariane Gonçalves Aires, 25 anos, moradora do local desde os 8 anos.
600 moradores ouvidos elegem as prioridades dos 41 bairros
O problema não é de hoje. A Associação Comunitária sustenta que já cansou de pedir melhorias para a atual e para administrações anteriores. Os problemas seguem desde o surgimento do bairro, como atesta a neta de um dos donos das terras que acabaram sendo loteadas e deram origem ao bairro. A professora Deise Lorensi, 30 anos, conta que a formação do bairro se deu lá pelo início da década de 1990. A partir da primeira ocupação, em 1998, o número de moradias se multiplicou muito. Atualmente, são 5.621 habitantes e quase nenhuma infraestrutura.
Nos últimos 40 anos, a responsabilidade pelo destino e tratamento de esgoto sanitário em Santa Maria é da Corsan, que também responde pelo abastecimento de água. Porém, a concessão foi cedida pela prefeitura, que tem o dever de fiscalizar o serviço prestado e cobrar o previsto em contrato.
A atual administração já acenou que não renovará o contrato com a Corsan, que vence em setembro. Porém, novas alternativas estão sendo estudadas entre a prefeitura e a estatal. Um dos caminhos para o futuro do serviço de água e esgoto pode ser por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), &n"